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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O Espaço Cultural Gonçalves Dias promove importante lançamento de livros em Caxias - Maranhão


O Presidente e os sócios fundadores do Espaço Cultural Gonçalves Dias-ECGD tiveram grande satisfação em promover na noite de ontem, dia 03/12/2014, os lançamentos de livros dos importantes autores brasileiros: Profa. Maria Aparecida Dellinghausen Motta e Prof. Dr. Demerval Saviani, na cidade de Caxias - Maranhão.

Esse lançamento especial aconteceu na ocasião em que estão sendo realizados na cidade de Caxias, a XII Jornada do HISTEDBR e o X Seminário de Dezembro do HISTDBR - MA.

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Livro da autora Maria Aparecida Dellinghausen Motta
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Livro do autor Demerval Saviani
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Sobre este evento especial
Para o lançamento dessas duas obras literárias no Espaço Cultural Gonçalves Dias & Cia. do Livro Azul, houve momentos especiais que fizeram parte desse encontro de escritores, poetas, amigos e convidados institucionais, antes dos autógrafos.

O Presidente e os diretores do ECGD, Sr. Francisco Felix Costa, Sra. Maria de Fátima Felix Rosar e Sr. José Lino Costa Felix recepcionaram os escritores Demerval Saviani e Maria Aparecida Motta, na área de entrada do prédio colonial, à Rua Coelho Neto, que foi fechada para carros, com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura, Patrimônio Histórico e Turismo. As pessoas presentes ficaram em cadeiras colocadas à frente do prédio do ECGD.

Houve a saudação de boas vindas pelo Sr. Francisco e pela Profa. Fátima aos professores convidados, vizinhos e aos representantes institucionais que estavam presentes.

Em seguida houve uma performance com duas atrizes de São Luís, que interpretaram o texto e roteiro "Desfiando novelos e Tecendo teias", idealizado por Maria de Fátima.

Script:

Cenário (sala de estar com sofá, mesa, jarros, plantas)

Entrada após a fala do Sr. Francisco Felix Costa e Fátima

A dupla de atrizes sairam da Livraria Cia do Livro Azul/ECGDias, para entrar no espaço da cena, cantando e dançando:

Nessa rua, nessa rua tem um bosque,
Nessa rua, nessa rua tem muitas letras,
Nessa rua, nessa rua tem muita arte e poesia,
Nessa rua, nessa rua tem muitas histórias pra contar, 
Nessa rua, nessa rua tem muitos personagens a recordar.

Os diálogos se iniciam entre as duas:

(Tatiane) - É mesmo, você está lembrada, Cíntia, essa é a Rua Coelho Neto, que hoje está repleta de escritores, poetas, artistas e educadores da cidade e os que vieram para a XII Jornada do HISTEDBR.

(Cíntia)- Sim, Tatiane, é a Rua Coelho Neto que no dia de hoje pode se chamar de rua das letras, da arte e poesia, das histórias e personagens a recordar.

(Cíntia)- Pois é, não sei se todos sabem, nesta rua nasceu Coelho Neto, ali mais adiante, onde durante muito tempo funcionou o Centro Artístico Operário Caxiense.

(Tatiane) Mas, Coelho Neto não ficou muito conhecido como Gonçalves Dias. É que ele foi um autor controvertido. Escreveu muito mesmo. Foi conhecido como Príncipe da Literatura Brasileira, mas sua produção foi bastante criticada, pelo viés parnasiano, pelo seu distanciamento da realidade social de sua época.

Sim,  mas tem um pensamento dele que nos remete ao que estamos fazendo hoje, lembrando e guardando histórias.  Vamos registrar esse pensamento de Coelho Neto que está em seu livro A Conquista (romance de 1899).

Dizia Coelho Neto:
“Porque ainda não surgira o artista imortalizador que gravasse na pedra eterna ou inscrevesse na folha indestrutível a tradição nacional, os file ( eram a memória da raça) guardavam na memória, transmitindo, de homem a homem, não só os hinos improvisados pelos bardos como as lendas do gênio popular, e a história, conservada nesses monumentos orais, ia dum a outro, como a chama dum círio passa a outro círio.” 

Talvez essa seja a ideia mais importante passar a história de uma a outra geração. Em Caxias, A Academia Caxiense de Letras leva o nome do escritor Coelho Neto.

Gonçalves Dias, sempre lembrado, pode ser relembrado hoje.  Estão lembrados da estrofe mais conhecida e repetida em todo o país:

Tatiane faz com o público o coro da primeira estrofe da poesia:

Canção do exílio

"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá".

*
Carvalho Júnior, jovem poeta local, dedicou a Gonçalves Dias a Poesia Imperador do Verso.
Destacamos a segunda estrofe em que diz:
Dramaturgo, mestre, linguista
Sabiá do canto plural,
Tradutor da alma indígena,
poeta da raça,
glória universal.

Mas, Gonçalves Dias não foi apenas um poeta e escritor romântico. Uma pesquisa do Prof. Wilton Marques da Universidade Federal de São Carlos, realizada no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) publicada no livro Gonçalves Dias- o poeta na contramão, mostra que no primeiro semestre de 1850, a revista Guanabara publicou três capítulos de Meditação, uma obra inacabada de Gonçalves Dias (1823-1864). O texto, escrito em prosa poética, é hoje praticamente desconhecido, apesar da notável importância histórica: pela primeira vez um escritor do romantismo criticava de forma implacável a sociedade, o Estado e, em especial, o sistema escravista.

(Cíntia) Pois vejam vocês como nessa rua se cruzam os fios e se realça uma linda trama de prosa e verso. Coelho Neto foi frequentador da Livraria do Livro Azul, um dos mais importantes locais de venda de livros e instrumentos musicais na cidade de Campinas .

E aqui ao nosso lado esquerdo, morava o Prof. Nereu Bittencourt, um dos professores da Escola Normal de Caxias, nos anos 1930, que se formou em Campinas, tendo estudado na Escola Culto à Ciência e que foi poeta também. Ainda estão aqui nessa rua familiares do Prof. Nereu, uma neta dele, a Profa. Erlinda Bittencourt mora aqui ao lado.

- E a trama das teias não pára de ser tecida entre as pessoas que habitam essa rua.

(novelos vão sendo entregues às pessoas e fios são puxados para o outro lado da rua)

(Cíntia)- Aqui, do lado direito, morava a Profa. Dayse Guimarães Felix Costa, que foi aluna do Prof. Nereu e Diretora do Grupo Escolar Gonçalves Dias. Ela já não está conosco. Seu esposo o Sr. Francisco Felix Costa, o primeiro radio-amador da cidade, o primeiro livreiro da cidade, decidiu com seus filhos ( Ana Maria, Maria de Fatima e José Lino) fazer da Livraria e Companhia do Livro Azul, um Espaço dedicado às letras, à história e à arte: o Espaço Cultural Gonçalves Dias. Depois vocês conhecerão esse  espaço atraente, onde a filha do Sr. Francisco, Ana Maria Felix Garjan, implantou um pequeno Núcleo de Arte, como estímulo ao debate para que se instale na cidade o Museu de Arte de Caxias. Está sendo inaugurado hoje o I Salão de Dezembro, com algumas telas em exposição, inclusive da própria Ana Maria e amanhã, em outro espaço, o Memorial da Balaiada, será aberto ao público outro conjunto de telas de artistas que também compõem o I Salão de Dezembro.

(Tatiane)- E essa é a rua em que viveram e vivem muitos educadores:  Dona Dayse teve mais duas irmãs, professoras do Grupo Escolar Gonçalves Dias: Nancy e Anita. Além dessa família, ali estão mais professoras e diretoras de Grupos Escolares da cidade: vejam ali a Profa. Eney Lobão, da família da Dona Zuila e o do Sr. Agripino Lobão, Diretora do Grupo Escolar João Lisboa e a Profa. Rita Kós, que foi diretora do Grupo Escolar Dias Carneiro. A irmã da professora Rita também é professora, Suzana Kós. São as filhas do Sr. Milton Kós e da Dona Sissi, que também já partiram. Que riqueza de experiência de vida e de trabalho concentrados na mesma rua da cidade, por onde passam centenas, milhares de pessoas.

Mas, a grande maioria das pessoas, na maioria das cidades,  não tem tido a condição de priorizar em suas vidas a fruição da literatura, da arte e da história. Mesmo em Caxias, são sentidas essas lacunas.

Wybson Carvalho, poeta nativo,  poetizou Canção ao Exílio e disse:

em minha terra havia palmeiras
e o canto dos sabiás.
nela, exalava o perfume
dos jardins urbanos.
Dela, ouvia-se a linguagem
singela do cotidiano
com a minha cidade crescia
a romântica dos poetas.

(Cíntia) Mas, o que soubemos é que aqui em Caxias,  há um grande esforço de lideranças culturais importantes. Vejam estão muitos deles aqui, nessa noite memorável. Temos o Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias( Dr. Arthur Almada Lima Filho), o Secretário de Cultura, Patrimônio Cultural e Turismo ( Sr. Sandro Leonardo Bastos Aguiar), o Presidente ( Prof. Antonio Pedro Carneiro) e Membros da Academia Caxiense de Letras, o Presidente (Prof. Manoel de Páscoa) e Membros da Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão, a Diretora do Memorial da Balaiada (Profa. Mercilene Barbosa). A direção do Espaço Cultural Gonçalves Dias juntamente com essas instituições de cultura está divulgando a ideia de que deve se fortalecer aqui um Consórcio Cultural. Já iniciaram uma campanha que diz:  E o tempo avança. E o tempo nos leva ao futuro. Humanização, justiça, paz. Vamos abraçar nossa cidade.

(Tatiane)  Essa noite é muito especial nessa Rua das Letras, onde se encontram escritores de cá e de outros rincões do país.

Sabem vocês, ontem foram lançados 13 livros na UEMA. ( Banner em que estão registrados os nomes de todos). Temos o privilégio de está convivendo com grandes pesquisadores da área da educação, da história, da história da educação,  das ciências sociais, que são reconhecidos em todo o Brasil. Escutem também a lista de nomes de mestres inesquecíveis aqui presentes: Dermeval Saviani, José Claudinei Lombardi, José Luís Sanfelice, Lisete Arelaro,Roberto Leher, Gaudêncio Frigotto, Virgína Fontes, Newton Duarte, Lígia Martins e há muito outros autores na platéia. (Palmas para esses autores)

Se estivéssemos de fato tecendo uma grande rede, ela seria enorme, pois são muitos nomes e muitas histórias. Há muito que se comemorar nesse dia, em que se encontram aqui os participantes da XII Jornada do Grupo de Estudos e Pesquisas História, Sociedade e Educação do Brasil -HISTEDBR- e do X Seminário de Dezembro. Está aqui um grande grupo de pesquisadores de vários estados do país e do Maranhão. (Vamos aplaudí-los também)

(Cíntia) - Estão aqui também os moradores dessa rua, habitada por pessoas especialmente interessadas em produção de arte e cultura, e que sempre apoiaram as iniciativas da Livraria e da Companhia do Livro Azul, e do Espaço Cultural Gonçalves Dias,  como Terezinha Rocha, filha de Da. Norma e do Sr. Raimundo Rocha, grandes amigos da família do Sr. Francisco Felix Costa. Em 2008, estava aqui nessa livraria, a Da. Norma, que já não está entre nós, como Dona Dayse também,  comprando e pedindo um autógrafo para uma grande escritora que está novamente aqui para o lançamento de outro livro seu. Estava também Dona Betânia e um grande número de outros amigos do Sr. Francisco Felix Costa e de seus filhos. Os Padres José Mendes e Luís Costa sempre participaram também dos eventos culturais, a Irmã Maria Gemma de Carvalho, Diretora do Colégio São José.

Naquele ano, estavam também a Marilene Moraes, grande apoiadora da programação do Espaço Cultural Gonçalves Dias, Maria Aparecida Assunção Couto, Wybson Carvalho, Renato Menezes, Joseane Maia e tantos outros caxienses. Na noite do dia 08 de dezembro de 2008, uma pequeno adolescente de apenas 12 anos, Eduardo Luiz, neto do Sr. Francisco, leu o seguinte poema, por ele mesmo escolhido:

O fio do labirinto

Há um labirinto
que esconde nosso destino.
De limo somos feitos
que amassaram pesados pés.

Levantamo-nos
entretanto
e caminhamos
nesta rosa-dos-ventos
e a nossa rota não será amena.

Singraremos mares
e cruzaremos desertos
até descobrirmos
onde será o limite.
E nomeareamos cada coisa
em nosso caminho
e cada dizer
será uma flor nos lábios.

O amor poderá ser
nosso destino...
Haverá um porto
de onde acenaremos
na despedida.

Lenços flutuantes no ar
sorrirão aos nossos olhos
e cairão docemente
sobre nossos ombros.
Cumprir-se-á então nosso ser de argila e sal.

Passados seis anos, de lá para cá, essa escritora singular vem ao nosso encontro e nos traz o seu perfil:

(Leitura da Poesia Aldeã) (Tatiane).

Aldeã

Trago dentro da alma este sentimento de aldeã,
por mais que a cidade grande tente me amoldar
por trás de seus muros.

É este sentimento que me faz transpor as muralhas,
pois a aldeia sempre deu-me o horizonte e as matas,
e me chama através dos ventos.

Suas ruas nunca se fecham ao concreto
e têm como fundo uma paisagem aberta nos arredores.

A cidade não oferece horizontes, encortina os campos
e o céu é apenas uma fresta que se vislumbra
por entre os prédios.

Meu espírito não se encerra dentro das muralhas
e só a aldeia me oferece o pensar aberto.

E quando ainda triste caminho sem sossego
desfiando a vida entre asfalto e edifícios
é a aldeia que depois no sono
me amortiza
e me aconselha
e me devolve o fio da liberdade.

Por isso, entre prédios, asfalto e movimento
é ainda a aldeã que se recosta em silêncio
e ouve ao longe o canto dos pastores
e das aves a perene orquestra das manhãs...

As muralhas não me aprisionaram
pois sou ainda uma aldeã
e conforta-me este profundo sentimento de humanidade.

( Cíntia) Essa escritora de quem estamos falando,  veio do extremo sul do país e está entre nós, para nos brindar nessa noite com sua mais nova produção. A Profa. Maria Aparecida Motta que encantou seu esposo, Prof. Dermeval Saviani, traz para nós As Crônicas Sepeenses, sua cidade natal. E o Prof. Dermeval Saviani, que confessa no Prefácio desse livro seu amor pela prenda, que encontrou em sua vida, também nos traz a sua mais recente obra – O Lunar de Sepé, que deve conter um conteúdo instigante pois está tratando da educação e da paixão.

( Os dois receberão os fios de um novelo que deve ter cruzado entre vários presentes)

Eles são nossos convidados especiais e esse momento especial segue com eles, para que possamos ouví-los e, depois, claro, entrarmos na Livraria,  para adquirir suas obras e pedir o autógrafo dos dois escritores que contribuem hoje, para que essa rua fique ainda mais repleta de idéias, de letras, de palavras, de emoção, fazendo com que se registre na rua Coelho Neto, mais essa teia da história da rua, da cidade e de seus moradores. Ao adentrarem esse Espaço Cultural Gonçalves Dias encontrarão os vestígios da história de pessoas, que desejam compartilhar os sonhos de expansão da arte e da cultura em nossa cidade. Como diz Ana Maria Garjan em sua Profecia das Paisagens:

Vejo na paisagem o reflexo divino da natureza
o mundo de esperança na nova humanidade,
e ouço o som dos pássaros de longas asas
que atravessam continentes e montanhas
que nos ligam ao mundo da nova consciência.

(cantando e dançando sairão da cena)

Nessa rua, nessa rua tem  um bosque
Nessa rua, nessa rua tem muitas letras,
Nessa rua, nessa rua tem muita arte e poesia,
Nessa rua, nessa rua tem muitas histórias pra contar, 
Nessa rua, nessa rua tem muitos personagens a recordar.


Nessa atmosfera de amizade, arte, poesia e homenagens foi iniciada a fala dos escritores Demerval Saviani e Maria Aparecida Motta, sobre literatura e educação. Em seguida eles e os convidados foram para o 1º Salão do Espaço Cultural Gonçalves Dias onde está instalada a Livraria e Cia. do Livro Azul, para os autógrafos dos livros: CRÔNICAS SEPEENSES e O LUNAR DE SEPÉ.

No 2ª salão se encontra a Estante Literária Dayse Guimarães Félix Costa, onde estão em exposição permanente, livros e álbuns de literatura, história, arte, livros de autores caxienses e brasileiros.


Na parede desse salão está instalada a Galeria Nancy Guimarães Costa, que foi a 1ª professora de artes industriais do antigo SESI-Caxias, na década de 1950-1960. No 3º salão há um acervo de livros raros sobre poetas e escritores da literatura maranhense e de autores sobre Gonçalves Dias e Coelho Neto.

Nesse espaço há uma parede onde está instalada a Galeria Artforum Brasil, com pinturas 
de Ana Felix Garjan e de outros artistas.

Sobre a XII Jornada do HISTEDBR:




Cartaz da XII Jornada do HISTEDBR e do X Seminário de Dezembro do HISTEDBR - MA,
 
que estão sendo realizados nos dias 02, 03 e 04 de dezembro de 2014, em Caxias.

Caxias, 04 de dezembro de 2014

ESPAÇO CULTURAL GONÇALVES DIAS - MA
Departamento de Cultura e Comunicação
Edição: Ana Maria Felix Garjan
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